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sábado, 10 de janeiro de 2015

Nous ne sommes pas Charlie


"Por favor, jornalistas portugueses a dizer que são o Charlie quando nem coisos (tomates) têm para não fazer favores ao Governo etc., tenham dó. Não, não são todos Charlie. Pelo contrário, há meia dúzia que são e ainda bem que há. Agora não se façam passar por eles. Hoje somos todos Charlie Hebdo, mas amanhã voltamos ao que éramos. Aos jornais, televisões, etc., que aparecem a dizer-se Charlie, pergunto: quantas semanas durava o Charlie Hebdo em Portugal antes de ser cancelado por causa de chatices com a Igreja, Angola ou o Governo? [...]

Ligo a televisão e vejo a Assembleia da República que não deixou falar os "capitães de Abril" e que está tão chocada com esta falta de respeito pelo direito de expressão. Julgava que, para a presidente da Assembleia da República, "os carrascos" eram os que faziam barulho nas bancadas para o povo. O mesmo Telmo Correia que está na Assembleia da República chocado, estaria a pedir para acabar com aquele "cartoon" que ofende católicos. Já assisti a isso e não foi assim há tanto tempo. "Embora fazer um referendo sobre co-adopção de casais homo" - porque respeitamos muito a liberdade dos outros. Uma Europa que vive um discurso de honestos do Norte contra preguiçosos do Sul está de boca aberta com extremistas. Somos todos Charlie. É só grandes defensores da liberdade de expressão e dos direitos individuais e das conquistas da democracia, no mesmo local onde se apoia que a Merkel possa fazer chantagem eleitoral sobre os gregos.

Vivemos num país em que o Presidente da República, como representante de todos os portugueses, não vai ao enterro de um escritor (Nobel) porque não gosta dele, ou que não dá os parabéns a outro que canta fado porque não canta o que ele gosta, e que deve estar a deitar cá para fora um comunicado sobre a importância de aceitar a liberdade de expressão e a diferença."

João Quadros

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