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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Desempregados e precários


«Repare, temos números reais de 1 400 000 desempregados, a maioria dos quais com baixa escolaridade e com mais de 45 anos. Sabemos que há 1 300 000 licenciados. E sabemos que sensivelmente 45% a 50% do total da nossa força de trabalho é precária. (...)

Nas manifestações tem estado uma franja destes precários (...) Creio, porém, que tem vindo dos precários mais formados o mote político dos protestos; parece-me que foi este sector quem primeiro saiu às ruas em protesto. São eles que as organizam e mobilizam nas redes sociais e movimentos, ao ponto de serem uma fonte de pressão sobre as centrais sindicais. Aqui e em Espanha isso é claro: as centrais sindicais foram obrigadas a chamar greves gerais perante as mobilizações massivas chamadas nas redes e a própria CGTP acabou por pôr fim à tradição de não convocar manifestações em dias de greve geral.

Esta mão-de-obra é, e esta é uma novidade histórica, menos dirigida pelos sindicatos e, em geral, mais descrente no regime democrático-representativo, a quem associam a sua proletarização. (...) Mas ao rejeitarem a proletarização recusaram também a história do movimento operário, nomeadamente os seus modelos organizativos (organização, certo grau de centralismo, autofinanciamento), o que talvez seja o seu calcanhar de Aquiles. Porém, paradoxalmente admiram os mineiros espanhóis ou os estivadores portugueses, cuja capacidade de luta advém do radicalismo mas também da capacidade de organização, altamente centralizada até (no caso dos mineiros, usando técnicas aprendidas na clandestinidade).»


Raquel Varela (investigadora social)

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