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sábado, 22 de outubro de 2011

Praia de Oeiras


Há poucas horas, madrugada de sábado no túnel de acesso para a praia de Oeiras.
On the way to Oeiras' beach, this was a friday swimming night.

4 comentários:

Sousa disse...

Pessoalmente sou contra qualquer tipo de sobreposição de "street art". Considero que a C.M.Oeiras teve uma boa iniciativa nos túneis de acesso à praia de Sto.Amaro, assim como noutros pontos do munícipio, ao apoiar este tipo de arte. Mas, independentemente do sítio e do motivo, acho que quando existe uma obra que esta conseguida, passar por cima é um desrespeito. Existem muitas pareces por pintar, existe muito coisa para inovar. Parabéns pela tua obra, mas deixo aqui um apelo a ti, e a muitos que o fazem, que respeitem o que já está feito. Tirando raras excepções em que nem "arte" podemos chamar. Quais os critérios para diferenciar? Acho que normalmente é facilemente visível.

PS: Quanto ao caso das placas nas árvores... o controvérsia pode partir pelo facto de se estar a ultrapassar o próprio conceito de "street art", até porque a árvore, enquando tal, não faz parte do panorama urbano.

Dalaiama disse...

Olá Sousa! :)
Acredita que só agora li o teu comentário. Obrigado por o teres feito.

Tu levantas uma questão pertinente sobre a qual vale a pena reflectir. A sobreposição de imagens acontece sempre, o antigo dá sempre lugar ao novo (o que não significa que o novo seja melhor do que o antigo). É assim nos livros, que em edições antigas tinham determinadas referências imagéticas e hoje têm outras e sabe-se lá quais as que terão amanhã. É assim no conceito de Belo, que tem assumido diferentes desenhos que se subsituem uns aos outros, sobrepondo-se nas profundezas da história da arte. Portanto, dizeres que és «contra qualquer tipo de sobreposição de "street art"» pode gerar grandes frustrações, na medida em que tudo muda, sempre, queiramos ou não, e essas mudanças manifestam-se através de sobreposições, sejam elas simbólicas ou materiais. Percebe-se a tua boa intenção, louvável, de conservação do que é belo («quando existe uma obra que esta conseguida, passar por cima é um desrespeito»). Pareces bastante mais seguro do que eu na classificação do que é ou não é Arte («Quais os critérios para diferenciar? Acho que normalmente é facilemente visível»). Posso dizer o que eu tenho como padrão na cabeça, mas não tenho a pretensão de assumir os meus pontos de vista como universais. Todos os dias sou obrigado a ver coisas, que considero de muito mau gosto, apenas porque outros decidiram que aquilo era de bom gosto, enquanto que ao mesmo tempo, eu próprio deixando marcas no espaço público, provavelmente agrado muita gente mas também sujeito muitas outras pessoas a verem coisas que preferiam não ver. É assim complexa esta situação.

Dalaiama disse...

Ainda que seja, na minha opinião, difícil definir o Belo, acho muito bem que faças o apelo a que se respeite o espaço público. Realmente concordo quando dizes «existem muitas pareces por pintar». Estou contigo nisso, também eu procuro desenvolver, sobretudo junto da malta nova, a consciência da necessidade de intervirem com critério, com esmero, com bom gosto (lá está, algo difícil de precisar), peço aos putos que compreendam que não é qualquer parede que se pinta.

Tal como tu, concordo que a Câmara de Oeiras teve uma boa iniciativa nos túneis de acesso à praia de Oeiras, tal como teve ao promover intervenções de Arte Pública (conceptualmente diferente de Arte Urbana, mais ainda de Street Art) em várias vias do Concelho. Aliás, já prestei diversas vezes a minha homenagem à LGN Crew que realizou pinturas interessantes nessas empreitadas. Confesso-te Sousa, que não faz parte da minha natureza ter certezas absolutas (infelizmente, talvez, porque questiono-me demasiado), e neste caso particular hesitei bastante em pintar sobre a parede. Acredita que hesitei. Já passara por ali vezes sem conta, sem nunca me decidir a intervir. No entanto Sousa, algo que me fez optar por pintar como pintei foi a constatação de que aquela pintura já estava bastante degradada, desactualizada, com tinta esmorecida e tags e sujidades e poluições visuais várias por cima. Ou seja, se a intenção da Câmara foi inicialmente boa, pecou por ser estagnada. O que se devia ter feito era repintar aquilo várias vezes. Suponho que essa fosse uma solução. Não se contraria a natureza das coisas. Assim como a chuva cai quando as nuvens se tornam pesadas e as ondas rebentam quando chegam à praia, aquelas paredes são um spot demasiado exposto e vulnerável a todo o tipo de intervenções. Se eu não pintasse, outros o fariam, aliás, como o fizeram e o voltarão a fazer, inclusive por cima deste meu desenho. Normalmente, na minha opinião, são intervenções desqualificadas, sem critério estético, por vezes coisas bastante feias até. Mas é só a minha opinião. Foi precisamente por ter consciência de que aquele túnel era alvo de riscos e rabiscos constantes, que a Câmara decidiu pintar tudo recorrendo a nomes consagrados do graffiti. A intenção da Câmara não foi propriamente de vanguarda, foi mais de reacção a um movimento popular de intervir sobre as paredes que se tem intensificado nas últimas décadas no mundo (e na última década em Portugal). Mas se a intenção era manter aquilo controlado, a Câmara devia, repito, ir actualizando a tinta. Hás-de reparar que onde eu pintei havia asneirolas escritas. Até posso ter sido um bocadinho moralista,... o que normalmente dispenso mas neste caso se calhar fui mesmo.

Sousa, com franqueza, acho que este boneco é bem mais interessante do que a decadência morta que ele sobrepôs. Na minha opinião, a parede melhorou e provavelmente quem passar por este túnel há-de pensar o mesmo. Acho. Se assim não for, lamento. A vida continua.

Dalaiama disse...

Quanto ao que dizes sobre as placas nas árvores: alguma controvérsia a que me referi dizia respeito a comentários que me fizeram no sentido de que as árvores são seres vivos que merecem respeito. Retorqui que o respeito mantém-se, segundo o meu ponto de vista. Apontei a contradição estranha de haver quem se preocupe com um prego numa árvore mas não mova um dedo para modificar a situação de devastação das nossas florestas, inclusive não se importando de rechear as casas com móveis feitos de madeira (que como se sabe, provém de árvores mortas). A questão que levantas neste âmbito, sobre as árvores não fazerem parte da paisagem urbana é algo completamente estranho para mim. No meu ponto de vista é como dizeres que o céu não é azul. O conceito de urbano não se limita a designar apenas cimento e concreto.

Por fim, se estas intervenções «ultrapassam o próprio conceito de Street Art» é, com todo o respeito, algo completamente irrelevante para mim. Quero lá saber se alguém olha para as minhas intervenções e diz que é natação ou ballet, o que faço não é escrever conceitos herméticos que aguardam a classificação benevolente dos sábios. O que faço, convencionou-se, chama-se Street Art por se aproximar de outras intervenções semelhantes que recebem o mesmo nome. É como fazeres amor e alguém te dizer que parece mesmo é que tens andado de bicicleta; vais deixar de fazer amor por isso? Não sei se me estou a explicar bem :)

Obrigado Sousa, mais uma vez, por deixares a tua opinião e, já agora, também por apreciares aquilo que vamos produzindo nas ruas. Acredita que, bem ou mal, fazemos tudo com boa intenção, esmeramo-nos e damos o nosso melhor. Gastamos tinta, gasolina, corremos riscos e perdemos horas de sono, porque no dia seguinte temos que trabalhar como toda a gente. Mas fazemo-lo com gosto. Agradecemos haver gente, como tu, que vai reparando.

Obrigado. Abraço. Bom Ano!!! :)))